Menino devolve R$ 2 e emociona eletricista que foi cortar luz de casa por falta de pagamento
bit.ly/2qOX8gH | A ação de um menino de Santo Antônio da Platina, no norte do Paraná, está emocionando a internet. Um funcionário da Companhia Paranaense de Energia (Copel) contou que foi abordado por uma criança pedindo R$ 1 quando foi até a casa de uma família de baixa renda para cortar a luz por falta de pagamento, fazer o que chama de "atividade desagradável".
João Cândido da Silva Neto, de 57 anos, deu ao menino a única cédula que tinha, de R$ 5, e falou para ele dividir o dinheiro com a irmã e a prima. Quando retornou no fim do dia, para religar a energia da casa torta de madeira, foi surpreendido pelo garoto que queria devolver o dinheiro. “Ainda bem que você veio!”, exclamou a criança, entregando R$ 2 para o eletricista. “Naquele instante, ao me devolver 2 reais "Geninho" (nome fictício) estava me mostrando o maior exemplo de honestidade e responsabilidade que eu já tinha visto na vida”, relatou.
Dias depois, o eletricista relatou toda a história em sua página no Facebook, em uma postagem que também conta com uma foto das mãos do menino devolvendo R$ 2. Ele surpreendeu-se com o alcance do texto, que já foi compartilhado mais de 70 mil vezes. Leia na íntegra o texto no fim da matéria.
Após a repercussão da história nas redes sociais, muita gente está mandando mensagens para Neto dizendo que quer ajudar a família. Por isso, ele fez uma nova visita e voltou a se emocionar. “O pai disse que não precisa levar nada para eles, que tem gente que precisa mais”, disse o eletricista ao G1. No entanto, segundo Neto, a situação da família não é fácil, já que o casal está desempregado. “Não são só duas contas de luz atrasadas”. O pai tem problemas cardíacos e não pode fazer muito esforço, e a mãe também está doente, conforme o eletricista.
De acordo com Neto, funcionários da Copel estão organizando uma forma para que doações cheguem até a família. “Eu estou muito feliz, estou transbordando de felicidade”.
Leia na íntegra do texto de João Cândido da Silva Neto:
"AINDA BEM QUE VOCÊ VEIO!
- Vc vai cortar a luz, moço? Perguntou a mulher sentada num banco de madeira, acompanhada por 3 crianças descalças.
- Sim, respondi.
- Tudo bem, estou com duas atrasadas, mas só recebo dia 9.
- Mas hoje é dia 9, ponderei.
- Sério?
- Sério, e se a senhora pagar hoje é só pedir a religação que antes das 6 eu volto!
- Combinado, disse ela!
Pra mim o" corte "é uma atividade desagradável, em qualquer circunstância, apesar de obrigatório, e se a família for pobrezinha é mais doído ainda: a tal atividade" culposa "(sem intenção de cortar!).
Antes de sair, enquanto encerro o serviço no tablet, as 3 crianças se aproximam e pedem:
- Moço, vc tem 1 real?
Sem moedas no bolso, abri a carteira e encontro uma solteira nota de 5 reais... Entrego pro menino e ordeno:
- É pra vc repartir com suas irmãzinhas.
Ele balançou a cabeça positivamente, e falou:" tábão "!
Fui embora pensando nas crianças pidonchando, mas, vida que segue!
Bem de tardezinha caiu a religação da casinha de madeira torta... Segui pra lá... Eu tinha o dever de devolver luz para aquela criançadinha, era, pra mim, o momento da redenção.
Ao ouvir o barulho da camionete, todos saíram eufóricos. O menino (Eugênio) vem até mim e diz todo alegrinho:
- Ainda bem que vc veio!
Pensei que tivesse feliz pela luz... Só que não... Ele abre sua mãozinha suja e suada e exclama:
- Toma seu troco!
Naquele instante, ao me devolver 2 reais" Geninho "estava me mostrando o maior exemplo de honestidade e responsabilidade que eu já tinha visto na vida.
- Não, não quero troco... Era tudo de vcs!
- Mas não era 1 real pra cada um? Perguntou!
- Pode ficar pra vcs!
Pois é, minha gente... No momento em que nosso país vive uma monstruosa crise moral, onde as instituições governamentais estão todas contaminadas pela ladroagem, rapinagem, farolagem e corrupção, me aparece um menino todo sujo e me faz crer que nosso país ainda tem jeito!
Às vezes a gente chora de alegria!
Hoje, definitivamente, vou dormir feliz!
Bom final de semana, Eugênio!"
Fonte: www.correio24horas.com.br
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Me fez lembrar a ética Kantiana, a lei moral que ao meu ver é relevante para a temática jurídica. continuar lendo
Muito bonito e tudo, mas é exceção. Também, é porque é uma criança.
O Brasil é o país do "Homem Cordial".
"Poucos conceitos se prestam a tamanha confusão quanto o de “homem cordial”, central no livro Raízes do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). Logo após a publicação da obra em 1936, o escritor Cassiano Ricardo implicou com a expressão. Para ele, a ideia de cordialidade, como característica marcante do brasileiro, estaria mal aplicada, pois o termo adquirira, pela dinâmica da linguagem, o sentido de polidez – justamente o contrário do que queria dizer o autor.
A polêmica sobre a semântica teria ficado perdida no passado não fosse o fato de que, até hoje, muitas pessoas, ao citar inadvertidamente a obra, emprestam à noção de Buarque de Holanda uma conotação positiva que, desde a origem, lhe é estranha. Em resposta a Cassiano, o autor explicou ter usado a palavra em seu verdadeiro sentido, inclusive etimológico, que remete a coração. Opunha, assim, emoção a razão.
(...)
A expressão “homem cordial”, a propósito, fora cunhada anos antes, por Rui Ribeiro Couto, que julgou ser esse tributo uma contribuição latina à humanidade.
O problema surge quando a cordialidade se manifesta na esfera pública. Isso porque o tipo cordial – uma herança portuguesa reforçada por traços das culturas negra e indígena – é individualista, avesso à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais e afeito ao paternalismo e ao compadrio, ou seja, não se trata de um perfil adequado para a vida civilizada numa sociedade democrática (http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_jeitinho_do_homem_cordial.html).
Ora, em uma sociedade na qual o"Homem Cordial" utiliza o jeitinho em detrimento da lei, não se pode censurar a obra de Hans Kelsen.
O historiador Sidney Chalhoub, da Universidade de Harvard, destaca a origem histórica do jeitinho, ligada à formação escravista da sociedade brasileira, numa época em que a única maneira de se conseguir algo era pedindo favores aos senhores de terra e escravos. Essa prática, em vez de desaparecer, perdurou e combinou-se com outras lógicas.
“O jeitinho e o favor estão no centro de como a corrupção se tornou sistêmica no país”, avalia o historiador Chalhoub (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-ha-de-corrupcao-no-jeitinho-brasileiro/). continuar lendo